Eu não quero mais ter esse tipo de medo

Pensar demais sobre o que pode dar errado rouba a energia do que pode dar certo

No dia 25 de abril é meu aniversário — e eu amo essa data. Sempre fui apaixonada por recomeços. Gosto da energia do ano novo, então o aniversário, pra mim, é como um Réveillon particular: um novo ciclo, cheio de possibilidades. Acredito que a gente pode recomeçar várias vezes ao longo do ano — com um novo trabalho, o fim (ou início) de um relacionamento, um curso, uma viagem... Mas o aniversário tem sabor de vida. Celebrar cada conquista e, sobretudo, a própria existência é essencial. Por isso, essa data é, pra mim, mais um motivo lindo pra comemorar.

Como todo início de ano, gosto de dedicar um tempo refletindo sobre o que aprendi nos último período e o que quero para a nova fase. Eu podia listar 44 coisas que aprendi ao logo desses 44 anos, mas, sinceramente, a cada ano que passa cresce em mim uma urgência de vida e, nos últimos 4 anos, tenho me dedicado muito em eliminar o que não quero mais pra mim.

E eu não quero mais ser supersticiosa. Ou melhor, eu não quero mais ter certos tipos de medos. Eu que me considero muito corajosa, andava vibrando muito no medo.

Parece engraçado, mas é sério. Sabe essa coisa de acreditar em inveja, olho gordo, quebrar espelho e pensar que são sete anos de azar (sete?? Por quê sete? Quem definiu esse número? Tem um comitê?). E eu, como boa taurina - um signo conhecido por sua segurança - decidi que não posso mais me dar ao luxo de acreditar em certas coisas. Os 40+ garantem uma autoestima boa e a minha atingiu um nível onde simplesmente não há espaço para medos irracionais.

Por exemplo:

🍀 Inveja. Ninguém tem o poder de fazer a minha vida ficar toda cagada me desejando coisas ruins. Não quero acreditar nisso!!! Menos ainda dar esse poder todo a outra pessoa. Quero converter toda a energia que enviam pra mim (boa ou ruim) em coisa melhor ainda e devolver em algo positivo para quem enviou pra mim. Tipo cashback cósmico.

🍀 Não passar embaixo de escada. Só vou evitar se tiver um pedreiro em cima segurando um balde de tinta (e se for um pedreiro gato, nem evito). Fora isso, vou passar até de propósito, como fez um dia minha filha caçula, me deixando de queixo caído, pensando: quero ser igual a essa garota.

🍀 Chinelo virado dá azar ou a mãe morre? Azar só se for pro dedinho do pé quando a gente bate na quina de um móvel. A minha mãe já morreu, então... E a minha filha caçula (muito sabida) tira um sarro de mim toda vez que vê um chinelo virado: “mãe, você está passando mal?”.

🍀 Segunda-feira é dia ruim? Se for feriado, não é. Logo, teoria derrubada. E eu amo segunda-feira porque é dia de recomeço - gosto disso, lembra?

Acho que tirando a inveja, os outros exemplos estão fracos. Mas estou falando de medos irracionais. Sabe? Lembrei de um! Em 2024 fiz minha primeira viagem solo depois do divórcio. Fui para Salvador. Um dia, embarquei num passeio de barco e, assim que ele saiu do porto, o tempo virou. Chuva forte, vento forte, eu tremendo de medo forte. Afinal, eu não sei nadar. Mas, pensando bem agora, era um medo descabido. Fazia algum sentido eu morrer assim? Num barco velho, com um monte de gente desconhecida, sem a chance de voltar pra contar para as amigas as experiências que vivi em Salvador? Sem compartilhar com elas que conheci um mucilon gato no museu, passemos pela cidade, tipo cena de filme!!! Não, não e não! Eu sou importante o suficiente para ter uma morte coletiva sem protagonismo, gente. Não mesmo...

E pensamentos? Sou conhecida por ser uma pessoa otimista, mas o que poucas pessoas sabem a meu respeito é que eu tenho muitos pensamentos catastróficos e intrusivos. Eu sempre penso que algo pode dar errado. Sei lá, por exemplo, não piso em bueiro porque acredito que posso cair dentro de um e ficar presa por horas esperando resgate. Tenho medo quando estou muito muito muito feliz, porque acredito que vou morrer ou algo ruim vai acontecer. É um negócio desesperador.

Pensar coisas boas ou ruins não dá o mesmo trabalho? Pensar demais sobre o que pode dar errado rouba a energia do que pode dar certo. Então, porque às vezes perco tempo pensando coisas que podem dar errado? A partir de hoje (esse texto foi escrito no dia 2 de abril de 2025) todas as minhas energias serão canalizadas nos pensamentos bons, quando um pensamento intrusivo surgir vou criar uma palavra de segurança pra falar e espantá-lo. E digo mais: vou pisar no bueiro e quando a felicidade me invadir, vou deixá-la percorrer todas as moléculas do meu corpo.

Dizem que você atrai o que acredita. Então, se a gente (eu, no caso né?) acredita nessas coisas todas, a chance de acontecer é grande. Mas se você não acredita, não tem como acontecer, certo? Meu corpo, minha energia, minhas regras. Nesse novo ciclo de vida, não vou dar pra ninguém (e pra pensamento nenhum) esse poder de estragar a minha vida. Vem, ano novo! Recheado de coisas boas.

E você, tem algum medo irracional que quer desistir de acreditar?

Entre palavras e ideias

📩 A Gabi trouxe um diálogo interessante da era digital e perguntou: mais alguém sente falta de encontros presenciais? Eu não vivo sem!

📩 Dia 26 de abril, a Marina estará na Livraria Drummond da Av. Paulista, em São Paulo, para seu primeiro *mini surto* TARDE DE AUTÓGRAFOS! hahaha Estou muito feliz por ela e triste porque não farei parte desse momento tão especial. Eu vi o Clay nascer, acompanhei o processo e tive acesso ao livro para ler com meus filhos antes mesmo de ele ir para a impressão.

📩 Eu adoro textos que demonstram a vulnerabilidade das pessoas e quanto mais eu conheço a Andrea, mais me identifico com ela. Leiam: A executiva e a bebê.

Te vejo semana que vem?

Com afeto e coragem,

Gabi Miranda